domingo, 21 de junho de 2020

Tuas Atitudes são Evoluídas?

As atitudes são reações automáticas, quase instintuais, acerca daquilo que nos rodeia ou acontece. São uma espécie muito distinta do que se pode chamar ação. Esse caráter distintivo é justamente o seu caráter semi-instintual, meio impulsivo. Também são uma forma de reação a alguma coisa, de maneira que elas quase nunca iniciam um procedimento, mas reagem a algo, são consequências, não causas.

Também não podem ser confundida com os costumes, apesar de se assemelharem a eles. Os costumes são quase todos inconscientes, de forma que não se sabe o porquê de determinados comportamentos e crenças, e muito menos com os hábitos, que denotam quase sempre aspectos negativos. As atitudes podem ser deletérias ou benéficas. E é aqui que repousa a necessidade de se nos repensar como elas estruturam nossos procederes.

Todos os seres humanos (e talvez até alguns animais superiores, como os bonobos e chimpanzés) são capazes de perceber suas atividades. Isso implica na possibilidade de recolocá-las novamente nos nossos pensamentos depois que elas foram praticadas e serem objeto de reflexão. Como o mundo e as realidades mudam constantemente, também as atitudes precisam ser repensadas, tanto para evitar anacronismos quanto para inconveniências desastrosas.

Certo colega, todas as vezes que vê alguém fazendo alguma coisa, como que automaticamente começa a fazer o mesmo. Se alguém está lavando louças, sem perceber ele começa a lavá-las ou a secar as loucas já lavadas. Enquanto faz isso, continua a dialogar com a pessoa com a qual interage. Fazer o que o interlocutor está fazendo é como se fosse um pano de fundo da interação.

Outra atitude parecida é a que consiste em auxiliar o outro, mas com a devida aceitação prévia. Por exemplo, quando se vê alguém, conhecido ou desconhecido, muito atarefado, com muita coisa para fazer, a atitude natural é socorrer essa pessoa. Pode ser alguém tentando transportar um móvel de um lugar o outro, como um veículo ou mesa, mas também pode ser o socorro a indivíduos necessitados, que duas pessoas poderiam fazer melhor e mais rápido.

Essas atitudes benéficas, como demonstra a experiência, são aprendidas desde a mais tenra idade. Começam com a visualização, a vivência da atitude dos pais e das pessoas próximas, continuam com a imitação e se consolidam com a internalização quase inconsciente delas. É como um impulso que move essas pessoas a dividir o esforço do outro, amenizando-o.

Há inúmeras variantes dessas atitudes benéficas. Elas são praticadas quase sempre por pessoas que consideramos de coração bom. Contudo, é possível percebê-las nos que imaginamos ter um coração mau, como os homicidas. Quando eles veem alguém próximo com alguma necessidade que possam suprir o fazem automaticamente. Isso mostra mais uma vez que talvez fazer o bem seja nossa característica inata mais evidente.

Mas há as atitudes deletérias. Elas são o inverso daquelas que consideramos benéficas por duas razões. Primeiro, não visam à ajuda, cooperação e colaboração, mas ao impedimento de que o interlocutor ou indivíduo-alvo prossiga com o que está fazendo; e, segundo, sua finalidade, seu caráter teleológico, é o mal, a destruição.

A mais comum das atitudes deletérias é a indiferença. E, talvez, a menos perniciosa. Ela se dá pela falta de percepção de alguém em relação ao que o outro está fazendo. Imagine uma pessoa com várias sacolas de supermercado nas mãos, sem ter como chamar um táxi ou abrir uma porta. Pessoas passam ao redor, veem aquela situação quase desesperada e vão embora. Essa é a indiferença.

Inúmeros casos como de indiferença acontecem todos os dias com a gente, em casa e no trabalho. Se estamos fazendo alguma coisa e papéis caem no chão, há quem não se disponha a apanhá-los gentilmente. Se alguém está limpando a casa e precisa de ajuda, as outras podem ver essa necessidade sem que se disponham a ajudar. Se um colega está precisando de solução para um problema e sabemos resolver, se não o ajudarmos somos indiferentes. A doença da indiferença é curada com o autoconhecimento.

A segunda atitude mais perversa é a da crítica. A crítica é um veneno que precisa ser extirpado da mente e do coração de todos os seres humanos. Certa vez um senhor que vivia nas ruas foi acusado de maltratar um cachorro porque, para socorrê-lo durante um temporal, só conseguiu pegar o animal pela cauda. As pessoas, ao invés de ajudar no resgate, constrangeram aquele senhor acusando-o de maus tratos. Mas também acontece no trabalho, quando ninguém se dispõe a fazer alguma coisa e outro o faz, mas recebe a crítica por alguma coisa ter saído errado. Crítica é sempre veneno, destruição. O veneno da crítica só se extirpa com conhecimento e amor.

A terceira e mais grave de todas as atitudes deletérias é a sabotagem. A sabotagem é movida por um impulso com a intenção deliberada de que algo positivo feito por outras pessoas seja alcançado. A sabotagem não deseja o sucesso do outro ou que alguma coisa aconteça. Mas não o faz diretamente, às claras, à vista de todos. Age sempre às escondidas, disfarçada, para que o evento fracasse com um ar de naturalidade. Indivíduos sabotadores são doentes mentais severos que precisam de ajuda constante e intensa, psíquica e espiritual.

Nossas atitudes denotam nossa evolução humana, moral e espiritual. O aspecto humano é decorrente da capacidade de ver no outro as dificuldades e possibilidades que vemos em nós; a moral está vinculada à estética da vida e da harmonia entre tudo o que existe e acontece no mundo; e a espiritual é essa vinculação de tudo e de todos com o bem. Quando mais colaborativos, mais evoluídos, mais propensos às ajudas automáticas, que são nossas atitudes.

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